Demodex em Distúrbios Oculares
Demodex são ácaros parasitas encontrados próximo ou dentro de folículos pilosos de mamíferos. Em seres humanos, as espécies mais frequentes são Demodex folliculorum e Demodex brevis. Demodex folliculorum é comumente encontrado na porção infundibular do folículo piloso dos cílios, enquanto o Demodex brevis se localiza nos ductos profundos das glândulas sebáceas e nas glândulas meibomianas. Ambas espécies são encontradas principalmente no rosto, próximo ao nariz, cílios e sombrancelhas, mas também podem ocorrer em outras partes do corpo.
Estes ácaros possuem um corpo alongado, semi-transparente, com oito pernas curtas e segmentadas. O corpo é coberto por escamas para agarrar-se ao folículo piloso. Se alimentam, normalmente, de células da pele, hormônios e gordura (sebo) que se acumulam nos folículos pilosos.
São vários os fatores que podem modificar o ambiente facial, favorecendo a proliferação desses ácaros como, oleosidade cutânea, fototipo da pele, microbiota rica em bactérias, exposição solar, consumo de álcool, tabagismo, estresse, alimentos condimentados e mudanças bruscas de temperatura.
O fato dos olhos serem cercados por partes salientes do corpo, como nariz, testa e o rosto, torna as pálpebras um local pouco acessível à higienização diária. Portanto, uma vez estabelecida a infestação na face, é provável que e o Demodex se espalhe e acometa as pálpebras, levando à blefarite.
Como responsáveis pela demodicose ocular, o Demodex folliculorum pode causar blefarite anterior associada a distúrbios dos cílios e o D. brevis pode favorecer o desenvolvimento de blefarite posterior com disfunção da glândula meibomiana e ceratoconjuntivite. Os principais sintomas da infestação por Demodex são prurido, ardor, olho seco, sensação de corpo estranho, descamação e vermelhidão da margem da pálpebra e visão embaçada.
Demodex também pode estar envolvido em outros distúrbios oculares como rosácea e pterígio. Existe uma estreita correlação entre a gravidade da rosácea e a blefarite causada por este ácaro. A rosácea predispõe os pacientes à blefarite, principalmente através do desenvolvimento de um ambiente favorável sobre a pele que congestiona as glândulas produtoras de óleo necessárias para uma derme e epiderme saudáveis.
Em estudo recente, foi observada a demodicose ocular como um fator de risco para recorrência de pterígio, presumindo a perpetuação da inflamação crônica mediada por linfócitos T-helper17.
A taxa de infestação aumenta com a idade, sendo observado em 84% da população com 60 anos e em praticamente 100% naqueles com idade acima de 70 anos. Elevada densidade desde microrganismo é observada em paciente com rosácea.
Várias substâncias já foram utilizadas na tentativa de erradicação do Demodex, como ácido salicílico, sulfeto de selêncio, metronidazol, crotamiton, lindane, ivermectina associada à permetrin e ácido retinóico. Acredita-se que a erradicação completa é provavelmente impossível, visto que os fatores de risco, como oleosidade cutânea, rosácea e microbiota rica em bactérias, sempre estarão presentes. Contudo, uma redução substancial nos números de parasitas pode diminuir a recorrência dos sintomas.
Embora a blefarite seja uma das desordens oculares mais encontradas na prática clínica, esta doença pode constituir um desafio diagnóstico e terapêutico. A coleta adequada de cílios é fundamental para avaliar o Demodex como agente responsável pela cronificação da blefarite. Em caso de dúvida, não deixe de procurar seu médico.
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*Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico.
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